Prefeitura de São Francisco do Conde corta programas sociais, mas reserva R$ 9 milhões para gasolina

A Prefeitura de São Francisco do Conde publicou recentemente um edital de licitação estimado em R$ 9,3 milhões para a aquisição de combustíveis — gasolina comum, etanol e diesel S-10 — totalizando 1.399.000 litros. O material será destinado ao abastecimento da frota de veículos leves, médios, pesados e maquinários da administração pública.

O volume impressiona: a quantidade contratada seria suficiente para encher o tanque de cerca de 28 mil veículos ou dar aproximadamente 418 voltas completas ao redor da Terra, considerando a circunferência de 40.075 km. O gasto elevado, por si só, já chamaria atenção. Mas o contexto torna o edital ainda mais controverso.

A mesma gestão municipal que agora anuncia essa milionária licitação vem alegando crise financeira para justificar o corte de programas sociais, como o “Pão na Mesa”, o não pagamento de rescisões a servidores demitidos em 2024 e os atrasos nos salários de funcionários públicos. 

Especialistas apontam que o abastecimento da frota pública é necessário para a continuidade de serviços essenciais. No entanto, a escala da compra, em meio à redução de investimentos em áreas sociais, exige maior transparência e fiscalização. O edital não apresenta, por exemplo, detalhes sobre o número exato de veículos em operação, o consumo médio mensal, tampouco critérios técnicos que justifiquem o volume adquirido.